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A CONANE DA ESPERANÇA

ESPERANÇAR!
“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar.
E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.
Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!
Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”

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O tema gerador da V CONANE Nacional - Educação, Pobreza e Antirracismo - instiga-nos a refletir sobre o Brasil que temos e o que defendemos. Como espelho das relações entre família, sociedade e escola, a Educação, parte fundante de todas as relações humanas, é filha do seu tempo. Na história do Brasil sempre esteve no centro das questões fundamentais, em geral, vinculada a projetos de Estado e ligado a interesses de setores hegemônicos.
Vozes populares, contra hegemônicas, levantaram-se e tensionam os sentidos da Educação e suas práticas. Paulo Freire já anunciava na abertura de Pedagogia do Oprimido a necessária ruptura do que ele destaca como “pensamento sectário” e a “construção do pensamento radical". É a oposição entre essas formas de ser e se colocar no mundo que é destacada. O valor da conscientização é fundamental. Uma consciência de que ser radical é garantir que todas as pessoas importam.
Quando defendemos o direito à Educação entendemos que a escolarização é parte desse processo, no qual elementos como reconhecimento de saberes locais e globais devem se harmonizar na construção das relações humanas. Garantir, portanto, que saberes e pessoas não sejam negligenciados e descartados como lixo num mundo em constante transformação, é parte de nossa essência e reconhecimento de que educação é vida, e neste sentido, não cabe para a sociedade da inclusão e construção de relações planetárias um mundo que valoriza o consumo e o menosprezo de seres humanos.
No Brasil, o direito à educação e o acesso à escola pelas parcelas mais pobres e marginalizadas da população, incluindo os índios, os negros, os imigrantes e as mulheres, só começaram a se concretizar nas últimas décadas do século XX. O tratamento dado à educação dos pobres deixou um legado que pode ser visto, nos dias de hoje, nos baixos índices de aprendizagem escolar dos alunos em condição de pobreza (IOSIF, 2007).
A educação escolar tem uma imensa responsabilidade no enfrentamento das condições que produzem e reproduzem a pobreza. Ela pode oferecer informações que motivam a reflexão, fortalecem valores de justiça e respeito pelos outros, aproximam vozes e experiências humanas e nos ajudam a conhecer e agir, promovendo e estimulando a ação de pessoas e grupos em favor da justiça e de valores que representam o bem comum.
Nesse contexto, a educação precisa ir além das salas de aula, superando a visão do pobre como apenas um número nas escolas, buscando-se novas práticas que valorizem os alunos e que os estimulem à aprendizagem e construção de novos conhecimentos. A educação deve ser um importante elemento para o enfrentamento da pobreza, podendo colaborar para que mais pessoas tenham o direito de aprender, de conhecer, de valorizar e ser valorizado, de acessar saberes que dialogam, firmando um compromisso com a luta e a esperança.
É por meio da educação que cresce a chance dos e das jovens romperem com o ciclo de pobreza. Reafirmamos o nosso compromisso com uma Educação que emancipe a humanidade de todas as perspectivas de pobreza. Segundo o IBGE (2021), o Brasil bateu recorde de extrema pobreza, esse tema é essencial para abordarmos em nossa quinta edição.
A construção de uma educação antirracista é essencial para a promoção da equidade em uma sociedade atravessada por desigualdades e estruturas históricas de exclusão. Ela não apenas resgata a história de desigualdade, como também celebra e visibiliza o legado de resistência política e cultural de famílias e comunidades negras. Nesse sentido, a construção de uma educação antirracista compreende questões culturais, sociais e políticas, desde a perspectiva individual de cada sujeito até a conformação de agendas coletivas, públicas e institucionais.
A educação antirracista é essencial para a construção de uma sociedade mais equitativa e menos violenta, bem como para combater a exclusão escolar, garantir o direito à educação e o desenvolvimento integral de todes. Por isso não poderíamos deixar de ter em nossa programação, representantes com lugar de fala sobre esse tema tão presente nos dias de hoje, quando falamos sobre uma outra Educação.
Reafirmamos os princípios instituídos em 1988, na Constituição Cidadã: Educação como direito social básico. Assim, cabe ao Estado, à família e à toda sociedade garantir condições para seu pleno exercício durante toda a vida. Trinta e cinco anos depois da promulgação da Constituição e estamos aqui, permanecendo na defesa e na luta pela democratização do conhecimento e da justiça social.
O conceito de justiça curricular, pode ser um instrumento coletivo que nos permita promover a defesa da justiça escolar e da qualidade social da educação, entendida a justiça como forma de superação de desigualdades e como forma de incorporação da diversidade. Por isso a importância de discutirmos sobre o papel da educação no fortalecimento da democracia nos dias de hoje. O ministro Silvio Almeida cita Martin Luther King em seu discurso: "Não há paz sem memória e não há paz sem justiça, e justiça é luta." Ao escolhermos estes temas como pontos norteadores da CONANE 2023, reverenciamos a nossa própria história enqu
anto Conferência. Desde o nosso primeiro encontro, em 2013, deixamos claro o nosso propósito no Manifesto pela Educação, principalmente em nossa Carta de Princípios no seu item 3: "A educação deve servir para a melhora objetiva da realidade na qual ela ocorre." A melhoria desta realidade passa, necessariamente, pelo reconhecimento das amplas diversidades que temos em nosso país e também pela contemplação de que hoje estas diferenças são vistas e usadas como forma de aumentar o fosso social, econômico, cultural e educacional entre uma minoria
privilegiada e uma "maioria minorizada" que acaba por ser repelida de um dos pilares dos direitos humanos, uma educação pública de qualidade e libertadora.
Nossa prática nos leva para uma educação radicalmente social, educação como transformação social e popular, comprometida com os princípios de uma pedagogia libertária e de reconhecimento do protagonismo infanto-juvenil.
De acordo com o último Censo Escolar, realizado em 2018, 80% das pessoas que atuam na docência são do sexo feminino, em um universo de 2,2 milhões de profissionais. Os números relacionados a homicídios, feminicídios, violências contra mulheres, desigualdade salarial, machismo e misoginia dentro e fora dos territórios educacionais ainda são alarmantes. A luta feminista revela que a desigualdade tem raízes históricas, culturais e econômicas.
A educação feminista é uma concepção de vida que valoriza o outro, combatendo os preconceitos, as desigualdades, opressões e todas as formas de violência, e essa educação só pode ser efetivada com o protagonismo das mulheres na construção de mudanças dessa realidade.
Considerando todo esse contexto atual, teremos nesta quinta edição, um dia que nomeamos de Conane Pelas Mulheres, onde todas as atividades serão protagonizadas por mulheres, a fim de darmos mais visibilidade e importância a esses temas acima citados.
Somos um território de diálogo livre e permanente por uma outra educação possível e possibilitadora de vivências plenas de significado e propósito. Portanto criamos em nossa programação momentos de apresentação de Projetos educacionais transformadores, onde teremos a oportunidade de conhecer quem está fazendo a diferença em nosso país; realização de Oficinas onde trocaremos vivências e práticas; Rodas de Conversa com diversos temas atuais e necessários a serem dialogados; e Conferências para ouvirmos grandes referências educacionais. Tudo isso com muita cultura e arte envolvendo nosso lindo evento. Serão 3 dias de muita troca, aprendizagens e celebração! Vem com a gente!

Vamos Conanear!!!

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